quarta-feira, 21 de setembro de 2011

A Brigada Militar e a Revolução Farroupilha - Parte I

                      A história do nosso Estado é rica em passagens e curiosidades, uma delas é exatamente a dúvida que temos de o porque que a Brigada Militar, a "força policial", criada para combater os revolucinários farrapos, hoje é uma das entidades que está intimamente ligada ao Movimento Tradicionalista Gaúcho, e responsável pelo zelo com a "Chama Crioula", um dos símbolos da Semana Farroupilha.
Os textos publicados a partir de agora, dirimem em parte essa questão, sendo extraídos de um livro de Cyro Dutra Ferreira, tradicionalista e historiador gaúcho.
Para entendermos melhor vamos conhecer nessa primeira parte quem é esse ilustre gaúcho:

Cyro Dutra Ferreira: um Tradicionalista Gaúcho Histórico e Heróico do Rio Grande do Sul!

O tradicionalista CYRO DUTRA FERREIRA nasceu em Porto Alegre, aos 10 de janeiro de 1927. Foi Patrão do 35 CTG, nos períodos compreendidos de 1955-1956 e de 1963-1964. Participou de quase todos os cargos de Diretoria e do Conselho de Vaqueanos, em mais de 20 gestões. Foi Conselheiro do MTG.
Escreveu o livro "O 35: o Pioneiro do MTG" e outras obras, além de inúmeras crônicas sobre Tradicionalismo, em vários jornais. Foi Capataz de Estância. Trabalhou como Escriturário na FARSUL. Exerceu o cargo de Chefe de Escritório e Gerente da Comercial de Explosivos Ltda (Comercial Luce S.A.). Antes de partir, aos 9 de agosto de 2005, para a Estância Divina, Tio Cyro viveu entre a sua fazenda, em General Câmara-RS, e as atividades tradicionalistas. Foi integrante do chamado Grupo dos Oito - a turma do "Julinho" -, do Grêmio Estudantil do Colégio Estadual Júlio de Castilhos, em 1947, participando, com outros sete tradicionalistas, da abertura da Ronda Gaúcha, dentro das festividades programadas pelo Departamento de Tradições Gaúchas, cujos fins objetivavam o culto, a defesa e a preservação dos usos e costumes gaúchos. Participou do primeiro Desfile Farroupilha, no Piquete da Tradição do referido DTG do Colégio Estadual Júlio de Castilhos, pelas ruas da capital gaúcha, em 5 de setembro de 1947. E, novamente com aquele Piquete, prestou guarda campeira aos despojos do General Farrapo David Canabarro, transportado de Santana do Livramento para o Panteon Rio-Grandense, em 5 de setembro de 1949, junto com os outros sete tradicionalistas e precursores do Movimento Tradicionalista Gaúcho organizado. Participou da fundação do 35 CTG, primeiro Centro de Tradições Gaúchas, uma decorrência do movimento formado por aqueles jovens, com raízes no interior do Rio Grande do Sul, frente à imposição cultural norte-estadodunense, cujos efeitos criaram a "geração coca-cola", bombardeada no pós-guerra por aquela cultura, bem como ocorre nos dias hodiernos. Participou da Ronda Crioula, criada por Paixão Côrtes, a qual originou as comemorações da Semana Farroupilha. Esta Ronda Gaúcha, prevista pelo Departamento de Tradições Gaúchas do "Julinho", ficou popularizada pela gauchada como Ronda Crioula e desenvolveu-se de 7 a 20 de setembro de 1947. E foi no quintal da casa onde Cyro Dutra Ferreira morava com Paixão Côrtes que foi fabricada, de forma rústica, a “Tocha Farrapa” para conduzir a Chama Crioula, na noite de 7 de setembro de 1947, diante da impossibilidade de mandar fabricar uma, em função dos escassos recursos dos então estudantes-operários.
Em seguida, dirigiu-se a cavalo, tipicamente pilchado, na cavalgada histórica junto com Paixão Côrtes e Fernando Vieira, para a Av. João Pessoa, onde uma multidão aguardava os atos de encerramento de mais uma Semana da Pátria. Com Fernando Vieira levava as bandeiras do "Julinho" e do Rio Grande do Sul. Após a descida de Paixão do topo da Pira do Fogo Simbólico da Pátria, de onde tirou uma centelha para formar a Chama Crioula, montado em seu flete, ao lado dos companheiros Paixão e Fernando, "cerrou pernas" e esbarrou frente às autoridades, no palanque oficial, gritando junto com os outros dois tradicionalistas, em uníssono: “VIVA A TRADIÇÃO GAÚCHA!”; “VIVA A REVOLUÇÃO FARROUPILHA!”; “VIVA O BRASIL!”. Como registra Paixão, brilhava ali a centelha que iria irradiar luz aos caminhos do Movimento Tradicionalista que nascia. Após mais de meio século, já se faz necessário um outro Grupo dos Oito para moralizar as ações criminosas dos falsos tradicionalistas contra os usos e costumes tradicionais do Povo Gaúcho Sul-brasileiro. Mas, certamente que muitos outros estarão dispostos a lutar pela recuperação daquele Movimento Tradicionalista Gaúcho de 1947, iniciado com o intuito de combater as imposições mercadistas da época e que ainda hoje seguem descaracterizando a cultura regional gaúcha brasileira. Já é hora de alçar a perna no "pingo da reação" e cerrar fileiras em direção do verdadeiro Tradicionalismo, isento dos insaciáveis interesses comerciais e político-partidários e mais próximo dos autênticos usos e costumes do Rio Grande do Sul; das verdadeiras tradições e da raiz interiorana-pastoril sul-rio-grandense, base da Identidade Cultural do Povo Gaúcho Sul-brasileiro!
(Fonte dos dados informativos: PAIXÃO CÔRTES, João Carlos. Tradicionalismo Gauchesco: nascer, causas e momentos. Caxias do Sul: Lorigraf, 2001)
P-1 Comunicação Social 4º BPAF
Fonte: Bombacha Larga

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